Descobrir o meu rumo na incerteza...
11 de Setembro de 2020, esta foi a data em que fiquei oficialmente licenciada e após 4 anos a estudar fisioterapia, recheados de aventura, esforço e evolução pessoal, percebi que não estava pronta para entrar no mundo de trabalho dito “normal”. Não queria começar a trabalhar num lugar que me limitasse o conhecimento, nem que me prendesse a Portugal; se bem que esta escolha, já a teria feito inconscientemente no passado.
Decidi então que queria continuar a experienciar o mundo, tal como tinha feito anteriormente em Erasmus na Polónia – acredito que foi nessa altura que percebi que sou assim, apaixonada pelo sair da zona de conforto. E esta decisão foi fácil, sair de Portugal… O difícil? O imprevisível. Não contabilizei que o “2 semanas de quarentena” tornar-se-iam em meses e meses de restrições, e isso sim foi o verdadeiro desafio, sair do país com tudo o que estava a acontecer.
Tive a sorte de, ao acaso, descobrir o programa “estágio profissional europeu” e de já ter em mente um país onde gostava de passar uns tempos: o nosso país “hermano”- Espanha. Após muita pesquisa, de muitos nãos e de muito suplicar, consegui finalmente uma clínica que me aceitasse acolher.
Adorei Espanha… os lugares lindos que tive oportunidade de conhecer, a cultura, a gastronomia, a oportunidade de desenvolver o espanhol, viver com o meu namorado… O único problema? Não gostava do que estava a fazer na fisioterapia. Mas nunca me arrependi. Embora não estivesse a crescer profissionalmente, estava a fazer o que queria – viver fora de Portugal, explorar uma terra “super guapa” – e isso bastava, até porque sabia que tinha toda uma vida para crescer profissionalmente.
Após 3 meses, o período máximo do estágio, sabia desde já qual seria o meu próximo desafio: voltar a fazer Erasmus, mas desta vez como pós graduada. Sabia que teria de ser num país onde pudesse realmente entender os meus pacientes (não como aconteceu na Polónia) e onde pudesse trabalhar com os meus pacientes eleitos – bebés e crianças. Por essa razão, a escolha era óbvia. Teria apenas de arranjar novamente um lugar que me aceitasse. A história tornou-se a repetir: pesquisa, respostas negativas e muito suplicar. Mas lá consegui! Fiz novamente as malas e, em Setembro, vim rumo ao país dos potes de ouro, a Irlanda.
E agora cá estou… sem ouro, mas com algo super parecido – a trabalhar rodeada de crianças, confirmando que é esta a fisioterapia que quero para mim num país com a cultura mais bondosa que alguma vez conheci. Desde os sorrisos de desconhecidos na rua ao sotaque carismático.
Se calhar a minha opinião não vale de muito, porque sou feliz esteja onde estiver, mas aqui sou completa. Aqui o sol não brilha como em Portugal, mas brilha o verde da natureza, brilham as pessoas, brilha a calma com que vivem e a interajuda que se sente.
Em pouco tempo terminarei o Erasmus e admito que me assusta um pouco a incerteza.. mas não demasiado, até porque sei que ainda existe tanto por explorar e conhecer.
Não sei o que o futuro me reserva, talvez voltar à base e descobrir o meu próximo passo, mas uma coisa é certa: não preciso de seguir o caminho tradicional, posso reinventar-me a cada passo que dou.
Alexandra Meneses