Que escolhamos ser felizes...
Construímos ideias, perspectivas e formas de viver a vida muito influenciados pelo que a sociedade espera de nós, pelo que consideramos ser o caminho “certo” ou simplesmente por considerarmos que será a forma como seremos mais aceites por quem nos rodeia.
Somos impingidos, seja pela mentalidade da sociedade em que vivemos, pela comparação constante com os outros que nos aflige ou até pela pressão que colocamos em nós próprios, a ter a vida toda planeada e definida:
“aos 23 tenho de terminar o mestrado e sair de casa”;
“Aos 25 tenho de ter visitado mais de x países”;
“aos 27 tenho de saber o que quero da minha vida”,
“aos 30 tenho de ter casa e ter encontrado alguém”.
Ouvimos e cansamo-nos de ouvir todo um conjunto de expectativas que são colocadas pelos outros em cima de nós (familiares, amigos, conhecidos..).
Um pouco insano, não acham? Já não basta termos a pressão e expectativas que colocamos em nós próprios, ainda pensamos na melhor forma de gerir as expectativas dos outros.
Um pouco frustrante, não acham? Passamos a vida toda a pensar em tudo o que (supostamente) “temos” de ter, ou alcançar e acabamos exaustos e frustrados por perceber que nunca é (e talvez nunca será) como esperamos.
Um pouco triste, não acham? Saber que poderá haver a possibilidade de crescermos, olharmos para trás e pensarmos “quem me dera ter feito isto”, “quem me dera ter escolhido isto” ou até um simples “quem me dera não ter pensado tanto naquilo que os outros iriam pensar”.
Sou fiel apologista da ideia de viver a vida da forma mais plena e genuína que conseguimos viver. Estamos neste mundo por um curto período de tempo… que o aproveitemos da melhor forma possível.
Que o passar dos anos e a vida nos ensinem que a desilusão por ter feito algo e não ter dado certo, ser sempre menos pesada do que a frustração e a ansiedade de não saber o que poderia ter acontecido, caso não tivéssemos feito algo.
Que a vida nos ensine que a nossa vida é nossa para ser vivida. Que nos lembre da importância da empatia, da compreensão pelo outro, do amor da família, dos amigos e do impacto que temos nas outras pessoas, simplesmente por sermos quem somos.
E que a vida nos ensine, dia após dia, que seremos sempre mais do que sucessos alcançados, metas cumpridas ou vidas atribuladas. Que nos continue a ensinar que mais importante do que ter, é ser.
E que num mundo em que temos o poder de escolher ser seja o que for, que escolhamos ser felizes…
Ricardo Gonçalves